O impacto na indústria de delivery de comida foi uma das maiores mudanças durante a pandemia.

As mudanças causadas pela pandemia impactaram como os consumidores comem e compram comida. A Revista Speciality Food examinou oito grandes mudanças nos hábitos alimentares dos consumidores.

Empreendimentos de alta gastronomia pelo mundo foram forçados a se adaptar drasticamente ao ambiente da indústria – mas apesar de muito tempo de incertezas, produtores, revendedores e donos de negócio veem um brilho de esperança com estabilidade no mercado. “Agora que os novos padrões de consumo começam a se assentar e se enraizar, começa-se a ter mais clareza sobre o futuro da indústria alimentícia” explica Oliver Wright, líder global da Accenture’s consumer goods and services grupo comercial .

Após trabalhar intensamente por um ano e meio, é chegada a hora de refletir sobre as mudanças causadas pela pandemia da Covid-19. “É bom se lembrar que tempos de grande escassez podem se tornar tempos de inovação, com os empreendedores forçados a radicalmente repensar suas operações”, Oliver continua. “essa é a forma que a indústria alimentícia se encontra atualmente. Existem imensas oportunidades para companhias com agilidade organizacional para surfar na nova onda alimentícia e responder a par das necessidades do mercado consumidor”. Com isso em mente, foram selecionadas algumas formas em que a pandemia alterou o perfil de consumidor dentro da indústria de alimentos. 

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1. Sustentabilidade:

Preocupações quanto à saúde do meio ambiente já são uma pauta antiga dos empreendimentos de alta gastronomia, mas a pandemia e as mudanças causadas por ela, conseguiu amplificar esse assunto na mente do consumidor. Uma pesquisa realizada pela Ecotone UK descobriu que a sustentabilidade é o critério que mais cresce no momento de optar onde o cliente irá se alimentar. O número de pessoas comprando produtos baseados nos parâmetros de sustentabilidade aumentou 25% apenas nos últimos dois anos.

“A pandemia tem capacidade de criar uma era de ambiente mais saudável para os próximos 10 anos, fazendo com que os consumidores pensem mais em como eles gastam seu tempo e dinheiro” afirma Oliver. A pesquisa da Accenture mostra que os clientes estão mais conscientes sobre sustentabilidade hoje em dia, com mais da metade afirmando que ficaram mais atentos ao assunto após a pandemia.

“Nós temos percebido consumidores buscando por empresas no ramo alimentício para ajudá-los a fazer as escolhas certas.Mais de dois terços buscam uma marcas que os permitam consumir de forma mais consciente” . Os comerciantes que se utilizarem dessa tendência verão a percepção do seu negócio aumentar aos olhos dos consumidores.

2. Saúde e bem-estar :

Dentre as mudanças causadas pela pandemia foi o crescimento do hábito mais saudável. Mas os consumidores não se preocupam apenas com a balança, eles também consideram como comer e beber impacta tanto na sua estrutura mental quanto física. “Os consumidores estão percebendo de forma mais holística a ponte entre mente e corpo e como o seu consumo propicia isso, com a maioria (70%) afirmando que eles buscam uma mudança fundamental na sua visão de saúde” Oliver acrescenta. Saúde espiritual, trazendo bem estar físico,mental e social .

3. E-commerce

As vendas online dispararam durante a pandemia – primeiro por necessidade e então foi se tornando um hábito conforme os compradores foram se acostumando aos pedidos online. Agora, apesar de estarmos –  esperançosamente – chegando ao fim da pandemia , essa tendência já foi enraizada. Uma pesquisa realizada pela VoucherCodes.co.uk e o “Centre of Retail Research” (Centro de pesquisa e varejo) revelou que as vendas online podem ocupar cerca do terço de todas as vendas de varejo.

“Nós percebemos um aceleramento massivo com engajamento digital, com as vendas online explodindo Oliver continua “ Por exemplo, de acordo com a Accenture Research, entre consumidores com pouca ou nenhuma experiência com e-commerce, o hábito de comprar comida para cozinhar em casa cresceu cerca de 333% durante a pandemia.

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4. “Food boxes”

É também notável que as mudanças de comportamento do consumidor com o crescimento do e-commerce podem ser notadas com o crescimento de modelos de negócio inovadores e estratégias de engajamento do consumidor, como as “food boxes”, caixas com kits de insumos para cozinhar ou montar um jantar. “Accenture tem monitorado essas tendências desde 2016, e o engajamento digital é a chave nas decisões de compra de público – especialmente no último ano (2020). por exemplo, modelos de assinatura de ingredientes são consideradas por pelo menos um quarto dos consumidores (o dobro de 2016).

Mais e mais empreendimentos e marcas do ramo estão a analisar essa parte do mercado de caixas de refeição e insumos. Esses modelos de faça você mesmo, como esses kits de refeição, são uma tendência em crescimento, com cerca de 60% do público considerando consumir esse tipo de produto pelo menos ocasionalmente. A Nestlé, por exemplo, está investindo na Mindful Chef, uma empresa de assinatura que envia regularmente insumos já porcionados com base em uma receita criada por um chef de cozinha, evitando assim o desperdício de alimentos.”

5. Consumir de produtores locais 

Consumir de produtores locais foi uma tendência forte durante a pandemia do Covid-19, com o público consumidor preferindo enviar seu dinheiro suado na economia local – e explorar essa tendência pode se tornar uma chave para crescer, de acordo com Katherine Prowse, gerente senior de insight na Lumina Intelligence. Um artigo recente da Lumina indica que um a cada cinco consumidores afirma “Eu prefiro apoiar marcas locais, já que elas mantêm negócios e produtores locais”. A Lumina afirma que é uma tendência que irá se manter. 

6. Do it yourself

De assar pães durante os primeiros meses de pandemia à vontade de experimentar cozinhas étnicas diferentes, a tendência de cozinhar e experimentar em casa tem feito gestores do setor gastronômico se manterem atentos nos últimos um ano e meio. Pelo motivo que seja – necessidade ou adquirir um novo hobby- essa tendência fez com que pequenos comerciantes sentissem no bolso. Porém, com o lockdown se tornando um acontecimento passado, comerciantes terão que se reinventar para quebrar esse costume e trazer o publico de volta aos salões. Katherine acrescenta: “Com os consumidores acostumados com a rotina da pandemia, empreendedores terão que trabalhar duro para encorajar as pessoas para sair de casa. Mesmo com o crescente comércio por delivery, manter as vendas no salão ainda serão importantes de se estabelecer. O segredo é investir em apresentação e inovação nos pratos para alavancar as vendas.” 

7. Busca por prazer

Apesar da preocupação com a saúde, as pessoas mantêm também a necessidade de “fugir da dieta” depois de um dia difícil, como comer frituras e salgados como lanche da tarde ou sair para jantar em um lugar legal. Pequenas recompensas foram a forma que muitas pessoas usaram para escapar da realidade durante a pandemia. “ A maioria das pessoas ainda buscam pequenos prazeres e luxos na comida que compram, para superar os difíceis últimos 18 meses” Oliver afirma. Comerciantes podem explorar esses desejos ao oferecer diferentes variedades de produtos, de estilos e preços em seu cardápio. Seja uma tábua fina de frios artesanais e uma taça de vinho ou uma caixa de chocolates vegano. Produtos então que tenham todas essas características e ainda preservam a saúde e bem estar serão um sucesso de vendas.

8. Conveniência

O lockdown afastou as pessoas do fast food e aproximou as da slow cuisine, mas com a quebra do lockdown e a volta aos escritórios traz de volta problemas antigos como falta de tempo, tornando necessário a volta de produtos práticos de fácil e rápido consumo .

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Guilherme Soares